Imagem: http://www.google.com.br
O folclore é a ciência
das tradições e usos populares, constituído pelos costumes e tradições
populares transmitidos de geração
em geração.
Todos os povos possuem suas tradições, crenças e superstições,
que se transmitem através das tradições, lendas, contos, provérbios, canções, danças,
artesanato, jogos, religiosidade, brincadeiras infantis, mitos, idiomas e dialetos
característicos, adivinhações, festas e outras atividades culturais que nasceram
e se desenvolveram com o povo.
A UNESCO declara que folclore é sinônimo de cultura
popular e representa a
identidade social de uma
comunidade através de suas criações culturais, coletivas ou individuais, e é
também uma parte essencial da cultura de cada nação.
Deve-se lembrar que o
folclore não é um conhecimento
cristalizado, embora se enraíze em tradições que podem ter grande
antiguidade, mas transforma-se no contato entre culturas distintas, nas
migrações, e através dos meios de comunicação onde se inclui recentemente a
internet.
Parte do trabalho
cultural da UNESCO é orientar
as comunidades no sentido de
bem administrar sua herança folclórica, sabendo que o progresso e as mudanças
que ele provoca podem tanto enriquecer uma cultura como destruí-la para sempre.
Em 1965,
o Congresso brasileiro oficializou o dia 22 de agosto como o Dia do Folclore,
numa justa homenagem à cultura popular brasileira. A palavra folclore tem
origem no inglês antigo, sendo que "folk" significa povo e
"lore" quer dizer conhecimento, cultura.
O folclore brasileiro, segundo o
Capítulo I da Carta do Folclore Brasileiro, é
sinônimo de cultura popular
brasileira, e representa a identidade social da comunidade através de suas
criações culturais, coletivas ou individuais; é também uma parte essencial da cultura do
Brasil em seu todo.
Seu estudo sistemático, porém, iniciou somente em meados do século XIX, e levou mais de cem anos para se consolidar no país. A partir
da década de 1970 o folclorismo nacional definitivamente
se institucionalizou e recebeu conformação conceitual sólida.
Sendo composto por
contribuições as mais variadas - com destaque para a portuguesa, a negra e a indígena - e tendo raízes imemoriais, o folclore do Brasil é rico e diversificado, sendo hoje
objeto de intensificados estudos e recebendo larga divulgação, constituindo
além disso elemento importante da própria economia do Brasil pela produção e comércio de
bens associados e o turismo
cultural que fomenta.
PERSONAGENS DO FOLCLORE BRASILEIRO –
Um conjunto de coisas
que o povo sabe, sem saber quem ensinou. Assim é o folclore, e assim são os
mitos brasileiros. Todo mundo conhece - ou já ouviu falar - de saci, boitatá,
curupira e mula-sem-cabeça. Mas se você perguntar quem criou esses mitos
ninguém sabe dizer. Têm origem indígena. Ou africana. Ou portuguesa. Ou as três
misturadas. As histórias foram passadas oralmente, de pai para filho desde o
tempo do descobrimento - ou até antes dele, no caso dos índios - e foram
sofrendo modificações ao longo dos anos.
1. SACI-PERERÊ
Ilustração do saci feita por Monteiro
Lobato / Imagem: http://arteco40.blogspot.com.br
Monteiro Lobato foi o
primeiro escritor a descrever o saci-pererê na literatura. Primeiro, em 1918,
na transcrição de relatos que colheu da gente do interior de São Paulo sobre a
"aparição".
Mas a figura do
negrinho buliçoso nasceu no final do século 18, início do século 19, como um
dos melhores exemplos de convergência, segundo Luís da Câmara Cascudo. Os
elementos que compõem o personagem vêm de várias paragens. Seu nome vem de uma
ave, o saci (Tapera naevia). A carapuça vermelha, com poderes mágicos,
é citada pelos romanos (o pileus do íncubo capaz de dar riqueza e poder
a quem conseguir pegá-lo). O negro travesso, que troça de todos, aparece no
folclore português.
O saci-pererê é comum no folclore do Sul e
Sudeste do Brasil. Para muitos, ele é uma entidade maléfica. Para outros, uma
entidade graciosa e zombeteira. Mas é crença comum que o saci anda pelado por
aí, pulando numa perna só, que aparece e desaparece dentro de um redemoinho de
vento, que se anuncia pelo assovio persistente, misterioso, inlocalizável e
assustador, e que não atravessa água - como outros seres encantados.
2. NEGRINHO DO PASTOREIO
"- Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu
perdi", assim a gente do campo, colocando uma vela sob uma árvore ou junto
a um moirão, pede ao Negrinho do Pastoreio que encontre um objeto perdido. A
crença de origem afro-cristã nasceu nos tempos da escravidão, nos pampas
gaúchos, e retrata a violência dos senhores de escravos. É uma lenda regional e
moral - o Bem contra o Mau.
3. MULA-SEM-CABEÇA
Trata-se de uma mula que,
apesar de não ter cabeça, solta fogo pelas ventas e pela boca, percorrendo sete
povoados, relinchando muito alto e trotando violentamente. O barulho de seu
trote é tão ensurdecedor (ela tem ferraduras de prata), que pode ser ouvido a
quilômetros de distância. Nas noites da mula-sem-cabeça, ninguém põe os pés
para fora de casa, com medo de topar com ela. Se não der para fugir do
encontro, o jeito é deitar-se no chão sem encarar o bicho, esconder unhas,
dentes e qualquer coisa que brilhe e que possa atrair a atenção da criatura.
4. LOBISOMEM
Imagem: http://www.google.com.br
Sete povoados, sete
cemitérios de igrejas, sete outeiros, sete encruzilhadas, sete partes do mundo.
O lobisomem brasileiro faz essa peregrinação sempre que se transforma. Ele
começa a corrida à meia-noite e termina às duas da manhã. A maldição é moral.
Nasce-se lobisomem, e, não, fica-se lobisomem. Estão fadados a se transformar
em lobisomens os filhos de incestos ou o filho que nasceu depois de uma série
de sete filhas.
5. CURUPIRA
Imagem: http://www.google.com.br
Demônio das florestas. É assim que os índios tupis chamam o
Curupira, um anão de cabelos vermelhos, dentes verdes ou azuis e pés virados
para trás que protege as árvores e os bichos das matas brasileiras. Na
verdade, ele não é um anão. É um menino baixinho. Tanto que seu nome deriva das
palavras curumim e pira e significa corpo de menino. A aparência do Curupira varia de região para região, mas não a sua
estatura - apenas quatro palmos. No Pará, por exemplo, o Curupira é descrito
como sendo calvo e com o corpo coberto de pelos, sem orifícios para as
secreções. No Acre, a criatura tem cabelos revoltos, para cima.
6. CAIPORA
Imagem: http://arteco40.blogspot.com.br
Também protetor das
florestas e dos animais, o Caipora é geralmente confundido com o Curupira. Mas
trata-se de uma criatura totalmente diferente e cuja aparência varia em todo o
Brasil. Ele anda montado em um caititu, uma espécie de porco de enormes
proporções, e segura um cajado feito de galho de jacapenga. No Sul do país é um
gigante coberto de pelos pretos dos pés à cabeça. No Norte e Nordeste, um ser
pequenino, indiozinho, muito escuro e com olhos cor de brasa, ágil e nu em pelo
- ou vestindo uma pequena tanga. Em Pernambuco, ele tem um pé só. Em Minas
Gerais, um olho só. Na Bahia pode ser uma cabocla, um negro ou um negrinho. Não
importa a região e a aparência, o Caipora aparece sempre como protetor da
natureza. O nome significa habitante
do mato e vem do
tupi-guarani: caa (mato) e pora (habitante, morador).
7. MAPINGUARI
O Mapinguari até
poderia ser uma mistura de Curupira com Caipora. Mito do Amazonas, Acre e Pará,
a criatura é um gigante peludo com os pés voltados para trás, as mãos com
garras afiadas e uma boca vertical que sai do nariz e vai até o estômago. Em
algumas regiões, diz-se que o Mapinguari tem um único olho, enorme, no meio da
testa. Em outras, que ele tem duas bocas - uma no lugar normal e outra, enorme,
na altura do estômago. Seus pelos avermelhados são tão espessos que o tornam à
prova de balas - exceto na região do umbigo, a única parte vulnerável da fera.
Mas o Mapinguari, ao
contrário do Curupira e do Caipora, não tem objetivos nobres na vida. Ele não
protege as florestas nem os animais. O negócio dele é devorar os homens, de
quem é inimigo ferrenho. Não come o corpo todo, apenas a cabeça, que enfia na
bocarra e arranca de uma vez.
8. BOTO
Imagem: http://arteco40.blogspot.com.br
Lá para as bandas do
Pará, quando a paternidade de alguém é desconhecida, diz-se que ele é filho do
Boto. O Boto é criatura do folclore paraense, que vive nas águas do Amazonas e
de seus afluentes, esperando o momento certo para se transformar em homem e
seduzir as mulheres. O momento certo são as noites de festa, em que a música
povoa os ouvidos das comunidades ribeirinhas e o arrasta-pé come solto.Nessas
noites, o boto sai da água, transforma-se em homem bonito, forte, alto, sedutor
e de boa proza, veste-se de branco, coloca um chapéu na cabeça para esconder o
orifício por onde respira, e sai à procura do baile, onde bebe, conversa,
namora e encanta as mulheres com seu jeito de dançar. Sim, o Boto-moço é um
verdadeiro pé de valsa, e ao seu gingado não resistem as casadas, as donzelas
ou as viúvas.
9. MÃE D’ÁGUA (IARA)
A origem do mito varia
do Amazonas para o São Francisco. Na região da Amazônia, a Mãe-d'Água é
conhecida como Iara (do tupi uiara).
Filha preferida de um pajé, que em tudo a elogiava, ela matou em defesa própria
os dois irmãos invejosos que haviam tentado matá-la e, com medo de contar ao
pai, fugiu. O pai então resolveu caçá-la e quando a capturou, jogou-a no
encontro dos rios Solimões e Negro. Iara ressurgiu como sereia numa noite de
lua cheia, encantando quem passasse com sua beleza e sua voz. Homens que
escutam seu canto se apaixonam e se atiram no rio e, quando chegam ao fundo,
são devorados por ela.
10. BOITATÁ
Imagem: http://www.mboitata.com.br
Uma cobra enorme, com
olhos de fogo e corpo transparente que parece em chamas. Esse é o Boitatá, um
dos mitos brasileiros mais antigos. Sua origem é indígena. O nome vem da junção
das palavras mbaê (cobra) e tata (fogo). A cobra de fogo aparecia à
noite, cintilando nas campinas e nas margens dos rios, assustando quem
passasse. Em 1560, José de Anchieta escreveu que a cobra de fogo era a
assombração mais temida pelos índios. Os negros escravos tinham sua própria
versão da boitatá. Diziam a que "biatatá" era um ser que habitava as
águas profundas e que saía à noite para caçar. Em algum momento, os dois mitos
convergiram, e hoje o boitatá é uma cobra que habita tanto as águas profundas
quanto as campinas, tem olhos de fogo e parece ser feita de chamas azuladas. Em
algumas regiões, a criatura protege as matas de incêndios, apagando o fogo
quando passa. Em outras, ela é um ser maligno, que ateia fogo na mata. O
surgimento da criatura, no entanto, ainda é desconhecido. A história mais
conhecida é a que é contada no Rio Grande do Sul.
Nenhum comentário:
Postar um comentário