quarta-feira, 22 de agosto de 2012

DIA 22 DE AGOSTO – DIA DO FOLCLORE




O folclore é a ciência das tradições e usos populares, constituído pelos costumes e tradições populares transmitidos de geração em geração. 
Todos os povos possuem suas tradições, crenças e superstições, que se transmitem através das tradições, lendas, contos, provérbios, canções, danças, artesanato, jogos, religiosidade, brincadeiras infantis, mitos, idiomas e dialetos característicos, adivinhações, festas e outras atividades culturais que nasceram e se desenvolveram com o povo.
A UNESCO declara que folclore é sinônimo de cultura popular e representa a identidade social de uma comunidade através de suas criações culturais, coletivas ou individuais, e é também uma parte essencial da cultura de cada nação.
Deve-se lembrar que o folclore não é um conhecimento cristalizado, embora se enraíze em tradições que podem ter grande antiguidade, mas transforma-se no contato entre culturas distintas, nas migrações, e através dos meios de comunicação onde se inclui recentemente a internet.
Parte do trabalho cultural da UNESCO é orientar as comunidades no sentido de bem administrar sua herança folclórica, sabendo que o progresso e as mudanças que ele provoca podem tanto enriquecer uma cultura como destruí-la para sempre.
Em 1965, o Congresso brasileiro oficializou o dia 22 de agosto como o Dia do Folclore, numa justa homenagem à cultura popular brasileira. A palavra folclore tem origem no inglês antigo, sendo que "folk" significa povo e "lore" quer dizer conhecimento, cultura.
O folclore brasileiro, segundo o Capítulo I da Carta do Folclore Brasileiro, é sinônimo de cultura popular brasileira, e representa a identidade social da comunidade através de suas criações culturais, coletivas ou individuais; é também uma parte essencial da cultura do Brasil em seu todo. Seu estudo sistemático, porém, iniciou somente em meados do século XIX, e levou mais de cem anos para se consolidar no país. A partir da década de 1970 o folclorismo nacional definitivamente se institucionalizou e recebeu conformação conceitual sólida.
Sendo composto por contribuições as mais variadas - com destaque para a portuguesa, a negra e a indígena - e tendo raízes imemoriais, o folclore do Brasil é rico e diversificado, sendo hoje objeto de intensificados estudos e recebendo larga divulgação, constituindo além disso elemento importante da própria economia do Brasil pela produção e comércio de bens associados e o turismo cultural que fomenta.

PERSONAGENS DO FOLCLORE BRASILEIRO –

Um conjunto de coisas que o povo sabe, sem saber quem ensinou. Assim é o folclore, e assim são os mitos brasileiros. Todo mundo conhece - ou já ouviu falar - de saci, boitatá, curupira e mula-sem-cabeça. Mas se você perguntar quem criou esses mitos ninguém sabe dizer. Têm origem indígena. Ou africana. Ou portuguesa. Ou as três misturadas. As histórias foram passadas oralmente, de pai para filho desde o tempo do descobrimento - ou até antes dele, no caso dos índios - e foram sofrendo modificações ao longo dos anos.

1. SACI-PERERÊ
Ilustração do saci feita por Monteiro Lobato / Imagem: http://arteco40.blogspot.com.br

Monteiro Lobato foi o primeiro escritor a descrever o saci-pererê na literatura. Primeiro, em 1918, na transcrição de relatos que colheu da gente do interior de São Paulo sobre a "aparição". 
Mas a figura do negrinho buliçoso nasceu no final do século 18, início do século 19, como um dos melhores exemplos de convergência, segundo Luís da Câmara Cascudo. Os elementos que compõem o personagem vêm de várias paragens. Seu nome vem de uma ave, o saci (Tapera naevia). A carapuça vermelha, com poderes mágicos, é citada pelos romanos (o pileus do íncubo capaz de dar riqueza e poder a quem conseguir pegá-lo). O negro travesso, que troça de todos, aparece no folclore português.
O saci-pererê é comum no folclore do Sul e Sudeste do Brasil. Para muitos, ele é uma entidade maléfica. Para outros, uma entidade graciosa e zombeteira. Mas é crença comum que o saci anda pelado por aí, pulando numa perna só, que aparece e desaparece dentro de um redemoinho de vento, que se anuncia pelo assovio persistente, misterioso, inlocalizável e assustador, e que não atravessa água - como outros seres encantados.


2. NEGRINHO DO PASTOREIO

"- Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi", assim a gente do campo, colocando uma vela sob uma árvore ou junto a um moirão, pede ao Negrinho do Pastoreio que encontre um objeto perdido. A crença de origem afro-cristã nasceu nos tempos da escravidão, nos pampas gaúchos, e retrata a violência dos senhores de escravos. É uma lenda regional e moral - o Bem contra o Mau.

3. MULA-SEM-CABEÇA

Trata-se de uma mula que, apesar de não ter cabeça, solta fogo pelas ventas e pela boca, percorrendo sete povoados, relinchando muito alto e trotando violentamente. O barulho de seu trote é tão ensurdecedor (ela tem ferraduras de prata), que pode ser ouvido a quilômetros de distância. Nas noites da mula-sem-cabeça, ninguém põe os pés para fora de casa, com medo de topar com ela. Se não der para fugir do encontro, o jeito é deitar-se no chão sem encarar o bicho, esconder unhas, dentes e qualquer coisa que brilhe e que possa atrair a atenção da criatura.

4. LOBISOMEM

Sete povoados, sete cemitérios de igrejas, sete outeiros, sete encruzilhadas, sete partes do mundo. O lobisomem brasileiro faz essa peregrinação sempre que se transforma. Ele começa a corrida à meia-noite e termina às duas da manhã. A maldição é moral. Nasce-se lobisomem, e, não, fica-se lobisomem. Estão fadados a se transformar em lobisomens os filhos de incestos ou o filho que nasceu depois de uma série de sete filhas. 

5. CURUPIRA

Demônio das florestas. É assim que os índios tupis chamam o Curupira, um anão de cabelos vermelhos, dentes verdes ou azuis e pés virados para trás que protege as  árvores e os bichos das matas brasileiras. Na verdade, ele não é um anão. É um menino baixinho. Tanto que seu nome deriva das palavras curumim e pira e significa corpo de menino. A aparência do Curupira varia de região para região, mas não a sua estatura - apenas quatro palmos. No Pará, por exemplo, o Curupira é descrito como sendo calvo e com o corpo coberto de pelos, sem orifícios para as secreções. No Acre, a criatura tem cabelos revoltos, para cima.

6. CAIPORA

Também protetor das florestas e dos animais, o Caipora é geralmente confundido com o Curupira. Mas trata-se de uma criatura totalmente diferente e cuja aparência varia em todo o Brasil. Ele anda montado em um caititu, uma espécie de porco de enormes proporções, e segura um cajado feito de galho de jacapenga. No Sul do país é um gigante coberto de pelos pretos dos pés à cabeça. No Norte e Nordeste, um ser pequenino, indiozinho, muito escuro e com olhos cor de brasa, ágil e nu em pelo - ou vestindo uma pequena tanga. Em Pernambuco, ele tem um pé só. Em Minas Gerais, um olho só. Na Bahia pode ser uma cabocla, um negro ou um negrinho. Não importa a região e a aparência, o Caipora aparece sempre como protetor da natureza. O nome significa habitante do mato e vem do tupi-guarani: caa (mato) e pora (habitante, morador).

7. MAPINGUARI

O Mapinguari até poderia ser uma mistura de Curupira com Caipora. Mito do Amazonas, Acre e Pará, a criatura é um gigante peludo com os pés voltados para trás, as mãos com garras afiadas e uma boca vertical que sai do nariz e vai até o estômago. Em algumas regiões, diz-se que o Mapinguari tem um único olho, enorme, no meio da testa. Em outras, que ele tem duas bocas - uma no lugar normal e outra, enorme, na altura do estômago. Seus pelos avermelhados são tão espessos que o tornam à prova de balas - exceto na região do umbigo, a única parte vulnerável da fera. 
Mas o Mapinguari, ao contrário do Curupira e do Caipora, não tem objetivos nobres na vida. Ele não protege as florestas nem os animais. O negócio dele é devorar os homens, de quem é inimigo ferrenho. Não come o corpo todo, apenas a cabeça, que enfia na bocarra e arranca de uma vez.

8. BOTO

Lá para as bandas do Pará, quando a paternidade de alguém é desconhecida, diz-se que ele é filho do Boto. O Boto é criatura do folclore paraense, que vive nas águas do Amazonas e de seus afluentes, esperando o momento certo para se transformar em homem e seduzir as mulheres. O momento certo são as noites de festa, em que a música povoa os ouvidos das comunidades ribeirinhas e o arrasta-pé come solto.Nessas noites, o boto sai da água, transforma-se em homem bonito, forte, alto, sedutor e de boa proza, veste-se de branco, coloca um chapéu na cabeça para esconder o orifício por onde respira, e sai à procura do baile, onde bebe, conversa, namora e encanta as mulheres com seu jeito de dançar. Sim, o Boto-moço é um verdadeiro pé de valsa, e ao seu gingado não resistem as casadas, as donzelas ou as viúvas. 

9. MÃE D’ÁGUA (IARA)

A origem do mito varia do Amazonas para o São Francisco. Na região da Amazônia, a Mãe-d'Água é conhecida como Iara (do tupi uiara). Filha preferida de um pajé, que em tudo a elogiava, ela matou em defesa própria os dois irmãos invejosos que haviam tentado matá-la e, com medo de contar ao pai, fugiu. O pai então resolveu caçá-la e quando a capturou, jogou-a no encontro dos rios Solimões e Negro. Iara ressurgiu como sereia numa noite de lua cheia, encantando quem passasse com sua beleza e sua voz. Homens que escutam seu canto se apaixonam e se atiram no rio e, quando chegam ao fundo, são devorados por ela.

10. BOITATÁ

Uma cobra enorme, com olhos de fogo e corpo transparente que parece em chamas. Esse é o Boitatá, um dos mitos brasileiros mais antigos. Sua origem é indígena. O nome vem da junção das palavras mbaê (cobra) e tata (fogo). A cobra de fogo aparecia à noite, cintilando nas campinas e nas margens dos rios, assustando quem passasse. Em 1560, José de Anchieta escreveu que a cobra de fogo era a assombração mais temida pelos índios. Os negros escravos tinham sua própria versão da boitatá. Diziam a que "biatatá" era um ser que habitava as águas profundas e que saía à noite para caçar. Em algum momento, os dois mitos convergiram, e hoje o boitatá é uma cobra que habita tanto as águas profundas quanto as campinas, tem olhos de fogo e parece ser feita de chamas azuladas. Em algumas regiões, a criatura protege as matas de incêndios, apagando o fogo quando passa. Em outras, ela é um ser maligno, que ateia fogo na mata. O surgimento da criatura, no entanto, ainda é desconhecido. A história mais conhecida é a que é contada no Rio Grande do Sul.


Para saber mais –





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